
O poeta Manoel Barreto Gomes da Silva, o Barreto Sapateiro, autor da famosa marcha-rancho ‘Gargalhada’, foi o grande homenageado deste 3º Concurso de Marchinhas Carnavalescas de São João da Barra. Dentro da programação do evento, o Prêmio Especial, onde o voto popular é soberano, homenageou um dos mais talentosos foliões sanjoanenses, Mildo Cunha. A cerimônia aconteceu no Cine Teatro São João, na noite do dia sete de fevereiro, durante a final do concurso. A família dos dois homenageados marcaram presença e se emocionaram.
Nascido em 16/10/1907, o sanjoanense Manoel Barreto Gomes da Silva entrou para a história como Barreto Sapateiro devido à profissão que o notabilizou. Sua competência profissional era notória, mas o seu talento com as letras numa formação autodidata o fez um dos grandes nomes da poesia sanjoanense. Filho de José Gomes dos Santos e de Maria Gonçalves da Silva, se tornou poeta, escritor, jornalista, político comunista atuante – fundador do Partido Comunista em 1932, preso em 1937 e transportado para Niterói em 1964. Foi compositor, escreveu peças de teatro e ainda atuou nos palcos. Barreto Sapateiro foi um dos principais nomes da trajetória do carnaval de São João da Barra já que fundou junto a amigos o bloco Congos. Compôs diversas marchas-rancho para seu bloco do coração. É de sua autoria a marcha-rancho mais conhecida e cantada em terras sanjoanenses “Gargalhada” que só anos depois gerou a resposta, composta por Eleacir Cajueiro.
A letra histórica e filosófica foi assim escrita pelo poeta: Ouvi uma gargalhada | Lá do lado do oriente | Quá Quá Quá Quá Quá Quá | Mas deve ser essa gente | Que com a gente vive a magoar | Podes rir à vontade | Podes rir com maldade | Mas não esqueças que o mundo | É um engano profundo | E guardes sempre decor | Quem rir por último | É quem rir melhor.
Barreto casou-se com Maria Moreira Pinto, em 1934, com quem teve cinco filhos: Senícia, Luiz, Manoel, Denícia e José. Viúvo em 1951, faleceu em fevereiro de 1965. Em 2007 a família publicou um livro com suas poesias e marchas-rancho. A obra se chama ‘A ti, São João da Barra’.
Outro sanjoanense que nasceu para a alegria e para as artes foi Mildo Cunha. Filho de Custódia e Bernardino, é de uma família de sete irmãos e veio ao mundo em três de março de 1936. Aos 25 anos se casou com Marina com quem teve cinco filhos – Mirene, Miriane, Mildo, Márcio e Marciane. Dono de uma criatividade peculiar, desde cedo já personificava o Papai Noel para alegria das crianças. O fato o levou a abrir um armarinho conhecido como Casa do Papai Noel que este ano completa 50 anos. Infelizmente um grave acidente fez com que o povo sanjoanense chorasse. Era agosto de 1979.
Mas ninguém vai se esquecer de sua alegria durante o carnaval. De sua participação na famosa crítica do enterro, em 1962, das brincadeiras da televisão, do Chacrinha, do chuveiro cheio de sustentabilidade, do palhaço redondo e do palhaço quadrado. Era ele quem inventava as roupas e as diversões. Ele adorava se vestir de palhaço na avenida. Sua esposa, Marina, contou que um dia ela disse que gostaria de ver a propaganda da Casa do Papai Noel na televisão. Eis que surgiu a brincadeira da TV no carnaval.

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